quinta-feira, 2 de julho de 2009

O Maior São João do Mundo

A Skol é uma das maiores patrocinadoras do “Maior São João do Mundo”, em Campina Grande. Isto se deduz pelo excesso de material publicitário desta vertente da Ambev, mais presente nas ruas que os motivos juninos, como bandeirinhas e Balões. Alias, na é só a Skol. Pelas principais ruas e avenidas de Campina Grande, o excesso de material publicitário dos patrocinadores do “Maior São João do Mundo” está presente. Os postes estão tomados por plaquetas do Bradesco. A paisagem das praças é dominada por enormes Balões publicitários. O Merchandising é tanto nos locais do evento que chega a descaracterizar a já decadente cultura das festas juninas.
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Palco principal do “Maior São João do Mundo”: no primeiro plano, Venezinano, prefeito da cidade. NO DETALHE, BALÃO PUBLICITÁRIO DA CANETA BIC
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“Parque do povo” é o nome da praça de eventos que é o principal local de realização do “Maior São João do Mundo”. Nunca visitei o local durante o evento, mas já passei por lá no período junino pela manhã, pelo menos umas duas vezes, já fazem anos. A localização é em tudo inadequada: o Parque do Povo localiza-se a poucos metros de hospitais e Igrejas. O terreno e irregular, tendo pelo menos três pisos,e fica em frente ao Parque Elvaldo Cruz, antigo ponto de lazer da família campinense, atualmente um misto de parada de ônibus, extensão do parque do Povo e amontoado de Bares e cassas de jogatina freqüentas pelo pios tipo de gente. Pois bem,nos últimos dias de junho, passando de por uma rua dentro do complexo do Parque do Povo, observei um “Kamikaze” (refiro-me a um brinquedo muito comum em parques de diversões) na parte superior do local, que , pasmem, fazia parte do material publicitário da Confiança, fabrica de biscoitos que também patrocina o “Maior São João do Mundo”. Vi na televisão que na parte inferior do Parque do Povo havia um enorme balão (não o junino, mais o que transporta pessoas) que também era publicitário.
No Distrito de Galante, onde moro e onde se realiza a “Festa do Trem do Forro”, notei que não há mais muita preocupação com a decoração característica da época. Também não é fácil encontrar as notórias comidas típicas de milho. Já Skol, se vende em todo lugar. A festa é regada a Skol. Para onde se olha se vê pelo menos uns dez logotipos da Skol...
O excesso de material publicitário é apenas um dos reflexos do que chamo de descaracterização. E isso, culturalmente falando, eu não considero nem muito negativo, afinal é a descaracterização de um evento neo-folclórico. O “Maior São João do Mundo” é um evento que em tese se baseia na espetacularização ao extremo do folclore junino, e nordestino como um todo. “A festa matuta” virou atração turística, e se tornou até “chique”. Em alguns anos, era montada uma cidade cenográfica no Parque do Povo pelo Projac, da Rede Globo. Milhares de turistas desocupados visitam o grande evento, onde veneram o horroroso som dos Trios de Forro.
Uma das vertentes da banalização do cotidiano do nordestino é o sítio São João, uma espécie de museu, que se constituí em uma réplica de um vilarejo paupérrimo, que atende a todos os estereótipos e ignorância e pobreza do nordestino. A sede do Sítio São João é uma casa de barro (vejam só) habitada por personagens que falam o mais sofrível português possível. Acham que o falar errado faz parte da cultura nordestina.
Uma palavra que defina o que acho do “Maior São João do Mundo”? RIDÍCULO!!!

4 comentários:

Rafa Amaral disse...

É meu caro, sou obrigado a concordar com vc, já que tenho aversão a golpes publicitários - isso, sem dúvida, soa desagradável, e descaracteriza um evento que devia ser apenas cultura. Como vc mesmo disse, se tornou "chique". É de doer... Convido vc, que, pelo jeito, gosta de uma texto mais trabalhado e de pensar, a conhecer meu blog. O assunto é cinema! Comente, argumente, pontue! Abraçossssss

http://cinemasemtempo.blogspot.com

Fernanda Duarte disse...

O "Maior São João do Mundo" é uma festa para os turistas. A cidade arrecada dinheiro, a economia da cidadese mexe feito boi bravo e todo o mundo fica feliz. Anarriê!

Jonathan disse...

Tudo vira moda nesse país, lementavel, eu nem perco meu tempo..

Anônimo disse...

Olha cara, e o pior é que nem sei se essa descaracterização tem conserto, pois sei que o São João de Carpina, assim como o de Caruaru aqui em Pernambuco, são os maiores do mundo. Ou seja, cidades que são querendo ou não pequenas recebendo um evento de tal grandiosidade. Acho que se não houvessem os patrocínios não seria possivel ter a infra estrutura para atender a demanda de turista que visita a cidade...

De qualquer forma fica sempre a vontade de que um São João daqueles tradicionais voltem a acontecer, mas acho isso realmente improvável na prática...