segunda-feira, 28 de abril de 2008

E não é que a terra tremeu?

Nosso sonho nacional sempre foi chegar ao Primeiro Mundo, sair desse atoleiro de pobreza e ombrear-se às grandes nações. Estamos no caminho certo. Na semana que passou, São Paulo foi abalada por um tremor de terra que, como se sabe, é coisa de países grandes. Tivemos nosso tremor e no seu rastro, se Deus nos ajudar, teremos também tornados, vulcões, ciclones, tudo isso que faz a grandeza da América do Norte e da Europa e se tudo correr certo, igualmente teremos a branca e singela neve que coroará nossas pretensões de grande nação, sujeita a todos os rigores climáticos e não só à enfadonha seca no Sertão.Isso foi em São Paulo, porque aqui a terra tremeu por conta de uma marcha pela legalização da maconha, assunto das rodas chics e mesmo dos bairros periféricos onde a erva é mais apreciada. De sacerdotes a doutores, todos deram sua opinião sobre as vantagens e as desvantagens de um bom “charo” embrulhado em papel seda de primeira qualidade e com material escolhido. Avançados de um lado, retrógados de outro – eu estou desse lado – terçaram armas, mas parece que a passeata do “fumacê” vai mesmo ser uma glória pelos espaços de mídia que já conseguiu.Outro pequeno, mas não menos notável tremor deu-se quando nosso Reverendíssimo arcebispo, d. Aldo Pagotto, informou que vai retirar as ordens dos padres que continuarem metidos em política. Em concordância com a política da CNBB, d. Aldo quer seus religiosos fora do palanque e mais voltados ao púlpito de onde nunca deveriam ter saído. Sacerdotes rebeldes apregoaram sua liberdade, mas esqueceram de que quando se ordenaram padres aceitaram o jugo da Diocese e de todas as instâncias superiores. Portanto, mais hóstias e menos votos!O senador Maranhão fez a terra tremer de verdade com uns dossiês sobre a vida bancária de alguns ministros que vão julgar a sua ação contra a permanência de Cássio Cunha Lima no governo. Apesar de jurar de pés juntos sua inocência a imprensa nacional deu destaque ao fato, o que irritou sobremaneira os ministros que não estão na corte do TSE para serem espionados e terem sua reputação colocada em dúvida. Há quem diga que o senador deu um tiro no pé ao possivelmente promover essa caça às bruxas.No mais se treme de frio nos lugares onde a chuva foi implacável, como se treme de medo do Leão do Imposto de Renda que bate mais uma vez as nossas pobres portas, querendo levar o filé dos meninos. Treme-se de dengue já que os mosquitos não dão tréguas e, de tremedeira em tremedeira, começamos uma nova semana com os nervos em pandarecos e os corações a mil.

*Marcos Tavares. em sua coluna "Pão e Circo" do Jornal da Paraiba de ontem.

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