terça-feira, 3 de junho de 2008

Lírios entre Espinhos

Nenhum assunto escaparia da análise de Jesus.
Suas palavras sempre davam um toque diferente; uma linguagem de indescritível destaque e motivação.
A primavera dava ar da sua chegada depois de passar pelas outras estações, trazendo consigo o vislumbre de cenas inusitadas. Uma flor ali, outra acolá, desenham como tapete na terra recentemente coberta de poeira, a magistral imponência da natureza que inexplicavelmente vai fixando nas montanhas e campos singelos, os perfumados lírios que despontam triunfalmente, até mesmo no meio dos rochedos.
Ventos uivantes, sopram em todas as direções. Um toque de leveza faz exalar cálido perfume que assume o controle no ambiente hostil. Perto de Betânia o célebre pregador acusa-se como sendo apenas uma cana agitada pelo vento. O curvo filete d’água que desenha a doce geografia da terra santa, deixa para trás o ardente testemunho de que no deserto, os lírios fazem a diferença.
Surge no meio do doce berço da percepção, o lampejo da ofuscante brancura da indiscritível flor que gira em várias direções, obedecendo o soprar dos ventos.
Convenço-me que o lírio não rejeita o lugar onde é plantado. Para ele o que importa é ser branco no meio das folhas cinzentas, no meio das imponentes árvores que os ciclones arremessaram nas longas distâncias; para ele, o importante é ser puro.
Os lírios não tocam a trombeta da reclamação por que ao seu redor crescem os perfurantes espinhos que armaram-se para impiedosamente transpassarem suas pétalas.
Os lírios são simples, são corajosos, são universais. Muito cedo aprenderam a conquistar espaços. São pequenos, mas são colossais, são aguerridos, insistentes, gostam da brisa, fulguram nas noites, cintilam na escuridão.

Os lírios não temem as tempestades pois, sempre aparecem depois que elas passam. Os lírios são (como) a singular representação de um cristianismo que arvora a bandeira do triunfo em meio aos mais assustadores desafios e dos mais perfurantes espinhos.

*Rev. Samuel Dionísio de Veras.

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