quarta-feira, 31 de março de 2010

Entre a propaganda e a realidade

.
LENA GUIMARÃES, secretária de Comunicação da Paraíba, que sentiu na pele o problema da segurança pública
.
No clássico O Elogio da Loucura, o autor Erasmo de Roterdam diz que apenas os loucos podem atingir a felicidade suprema porque constroem um mundo imaginário onde tudo é perfeito. Pra si e para os outros. Ainda segundo ele, quem convive com a realidade jamais poderá ser tão feliz e satisfeito.


Ao ver seu motorista seqüestrado e seu veículo usado em três assaltos em João Pessoa, a secretária de Comunicação da Paraíba, jornalista Lena Guimarães, esteve ontem muito perto de confrontar esses dois mundos: o real e o imaginário. Responsável pela imagem do governo, cabe a Lena construir, junto com os demais membros do setor, universos em que tudo pareça perfeito. Em que a segurança pública da Paraíba pareça perfeita. Onde o crime é devastado a cada dia e os criminosos parecem acuados ante à pujança das nossas instituições policiais.


Lena Guimarães sentiu de perto no 26 de Março passado, e especialmente o pobre Jailson, o motorista que a carrega todos os dias de casa para o gabinete, que há uma distância enorme entre o sonho e a realidade. Entre a propaganda e vida real.

No universo da propaganda, não há espaço para o assassinato de uma procuradora do Estado na rua em plena luz do dia. Não há espaço para fuga de presos de uma penitenciária máxima. Não há espaço para delegacias sem delegados.

A propaganda, neste caso, serve de anti marketing. Confirma que o governo mente. E que se esforça para criar um mundo imaginário, sob a máxima de Montaigne pela qual “nenhum governo consegue evitar o uso da mentira para manter o povo sob seu jugo”.

Na vida real, não há espaço para propaganda. E só os loucos, de fato, podem se sentir felizes num ambiente desse em que vivemos.

* Adaptado do Blog do Luis Torres
.

Um comentário:

Carlos Poeta disse...

E não é que é verdade! A verdade e a mentira, ou seja, o real e a realidade idealizada, criada pelo estado para controlar o povo e manter uma imagem de "mocinho" se confrontam em momentos como esse. Alguém que vive para manter a imagem do estado, acabou vendo essa máscara cair bem diante dela. Na verdade ela já conhecia a face obscura da sociedade. Apenas a maquiava para que o povo penssasse que ela é linda e maravilhosa. É triste, não estou achando bonito o que aconteceu, mas, devia haver um maior empenho do estado em garantir a segurança da população. O engraçado é que eles se esquecem que também são parte da população. Estão sujeitos às mesmas situações que qualquer cidadão comum. Pena que, mesmo com toda essa situação, eles preferem "tapar o sol com a peneira" a tentar uma solução real para o problema que é notório em todo lugar.