sexta-feira, 20 de março de 2009

Falência

Estou estudando atualmente diversas disciplinas relacionadas à Licenciatura (modalidade de graduação dedicada à formação de professores). Constantemente é levantado o debate sobre o ensino público brasileiro. Qualquer exemplo levantado, em que conste o termo “escola pública” gera uma imensa e interminável citação por parte do professores e alunos dos crônicos dilemas da rede oficial de ensino, afinal de contas temos um dos piores sistemas educacionais do mundo Por experiência de causa (toda minha educação básica foi em escola pública), digo que o ensino público é não é falido, e tem problemas são crônicos e viciantes. Pode se surpreender o leitor da dureza desta afirmação, mais eu vou explicar. É falido porque o sistema educacional simplesmente não funciona, não ensina. Bem admitiu Fernando Henrique Cardoso, depois que deixou a presidência da república: “No meu governo, universalizamos o acesso à escola, mas pra quê? O que se ensina ali é um desastre”, disse FHC à Revista Piauí.
A falência do ensino público brasileiro também se explica pelos problemas crônicos e viciantes, tais como: A ausência de disciplina, que faz com que os alunos, crianças e adolescentes, testem seus limites degradando o patrimônio público, alem da agressão a professores e funcionários; a conjuntura familiar, onde muitas vezes vivi-se em um contesto de deseducação e marginalização latente; a acomodação, desmotivação e despreparo do corpo docente, que não tem preparo para lidar com a realidade negativa do ensino; e o desconhecimento do real propósito de se estudar pelos estudantes, que não sentem prazer em ir à escola.
Ainda podemos citar várias outras coisas, como a falta de compromisso de muitos professores (o que é natural, já que são funcionários públicos e não é cobrados deles eficiência), a nacionalização dos programas de ensino (o que é ridículo num país do tamanho do Brasil), a dificuldade no uso de novos recursos, como o computador, o desvio de verbas públicas, a corrupção em várias vertentes, etc.
Alguns destes temas serão objeto de analise mais detalhada numa série de postagens que estou preparando sobre Educação, com o objetivo de não somente relatar os problemas, mais também de relatar possíveis soluções.
Aguardem...

Um comentário:

Anônimo disse...

Rapaz, falar em educação no Brasil não é tão simples, merece algumas palavras a mais, mesmo correndo o risco deste comentário virar um livro... O FHC, pra variar, errou no diagnóstico. O problema com sua universalização é que foi feita de modo apenas QUANTITATIVO, e não QUALITATIVO.

Por exemplo, milhares de alunos tiveram acesso à escola pública. A mesma escola pública dos anos 80, dos anos 70, desmantelada pelo regime militar. A mesma escola pública com sua arquitetura que não leva em conta a acústica das salas de aula. A mesma escola pública que não entrou sequer na era de Gutemberg e quer entrar na era da informática.

Eu comparo este período de universalização do acesso à escola como um sujeito que comprou um terreno e foi logo construindo algo nele, sem estudar se esse terreno suporta uma casa ou um prédio, sem fazer terraplanagem, sem alicerces, sem nada.

E quando se fala em qualidade, é de modo geral: a carreira de magistério é desvalorizada e não motiva ( há uma carência muito grande de professores de Física, Química, Matemática e começa a faltar professores de Biologia, ao menos na Bahia), a escola, no pouco que resiste e no pouco que ainda consegue só o faz graças ao trabalho quase abnegado de muitos professores ( sim, e tem muito professor sacana, maus profissionais por aí) que chega a um ponto acaba...desistindo. Esta semana mesmo em Salvador um grupo invadiu uma escola, entrou na sala de aula de aula e disparou 12 tiros em um aluno. Havia 20 alunos dentro da sala. Diante de um ambiente destes é complicado tanto para alunos aprenderem quanto para professores ensinarem.

Enquanto não se pensar na qualidade e nas reformas na base da educação e da sociedade, continuaremos neste marasmo.

A escola é um bom reflexo do que é a sociedade, em minha opinião. Leia alguns artigos do professor português Antonio Nóvoa. Ele é ótimo! Recomendo a leitura desta entrevista:
http://www.tvebrasil.com.br/SALTO/entrevistas/antonio_novoa.htm

Abraço e parabéns pelo blog! Boa sorte lá no concurso! :D